Vivemos em uma época onde os modelos de beleza se tornaram cada vez mais inatingíveis. Enquanto as páginas de revistas e programas de televisão mostram corpos cada vez mais esguios e perfeitos, a obesidade cresce ao redor do mundo de forma galopante. O bullying — dentro e fora de casa — torna quase insuportável a vida daqueles que não se encaixam nos padrões pré-dispostos pela sociedade, sofrendo uma contínua pressão que os atormenta diariamente. Porém, nem só de remédios e dieta se consiste o tratamento dessa doença dos tempos modernos. O tratamento da mente do paciente também é uma importante arma de cura.
Você pode estar se perguntando: como a psicanálise pode ajudar quem procura tratamento para o combate à obesidade? Para elucidar essa questão, elaboramos este artigo a fim de oferecer ajuda a quem deseja — ou já está combatendo — essa enfermidade. Acompanhe:
Visão da Psicanálise
Segundo Freud, o nosso sistema nervoso (que controla nossas necessidades) funciona como um exterminador de estímulos. Ou seja, ele vai sempre querer resolver o que chega. Quando esses estímulos são externos, as respostas são aprendidas e transmitidas naturalmente, de forma hereditária. Como fechar os olhos ao ser atingido por uma luz intensa.
Já os estímulos pulsionais — ou pulsões — são originados em nosso próprio organismo e, portanto, exigem mais do sistema nervoso para serem solucionadas. É daí que surge a relação do alimento como objeto de necessidade e a complexa relação do ser humano com ele, perpassando pelos sentimentos de saciedade física e emocional, que se confundem.
Na verdade, o que a psicanálise freudiana indica é que a obesidade pode ser vista como um sintoma psíquico que se mostra no corpo, de uma busca pela satisfação através da comida.
Klein e os impulsos
Já para a inglesa Melanie Klein, psicanalista de referência para o universo infantil, essa questão dos impulsos internos e externos e a associação do prazer ao ato de se alimentar vem do berço. Ela se lembra da gratificação recebida pelo bebê diante do choro e à sensação de fome relacionada ao alimento, algo que traz conforto, satisfação e calma. Isso além do momento de carinho no ato de amamentar (seja no peito ou com o uso de mamadeira).
Esse prazer oral é levado adiante na formação do indivíduo, seja na condição de atender à fome ou seja no afeto, com o beijo. Portanto, a relação entre o bem-estar e a boca permanece muito próxima à pessoa que, durante um período de carência ou de outros sentimentos negativos, tende a voltar-se para aquele ato de prazer e calma: o de comer. Isso pode mascarar, por algum tempo, os problemas ao lidar com esses outros estímulos.
Papel da Psicanálise no tratamento da obesidade
Levando em consideração Klein e Freud, fica fácil perceber que a psicanálise pode ser parte essencial do processo de tratamento da obesidade, a partir de uma aproximação das causas mais profundas que podem estar por trás do ato de comer em excesso.
Quem sofre dessa doença geralmente vive constantes frustrações, seja no convívio social, em família ou nos aspectos emocionais. O que acaba se tornando um círculo vicioso, já que a pressão gera tensão, que encontra um pseudo-alívio imediato na comida, que gera ansiedade pela sensação de incapacidade de se controlar.
Muitas são as dietas e pressões para o encaixe nos padrões. E se pensarmos nesse ganho excessivo de peso como um sintoma, é possível se tratar para encontrar as verdadeiras causas para a questão.
Oferecer um ambiente onde é possível falar, sem amarras, sobre o próprio peso e outras questões a ele relacionadas, permite ao paciente dar vazão ao que foi reprimido por tanto tempo. Isso pode ajudar a chegar ao cerne das questões para que o sistema nervoso possa, finalmente, buscar uma forma sadia de lidar com as pulsões.
Quer saber mais sobre como a psicanálise pode ser um caminho para a cura de essa e muitas outras condições de saúde? Entre em contato conosco e continue acompanhando o nosso blog! Não deixe também de mandar suas dúvidas e sugestões!
Texto muito bom . Bem explicado .